Manuel Maria
Barbosa du Bocage
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Bocage
Manuel Maria Barbosa du Bocage
Nascimento 15 de Setembro de 1765
Setúbal, Portugal
Morte 21 de Dezembro de 1805 (40 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade
português
Ocupação Poeta
Movimento literário Neoclassicismo
Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de
Setembro de 1765 – Lisboa, 21 de Dezembro de 1805) foi um poeta português e,
possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano.[1] Embora ícone
deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do
estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura
portuguesa do século XIX.[2]
Era primo em segundo grau do zoólogo José Vicente Barbosa du
Bocage.
Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro
de 1765, falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do
bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado,
e de D. Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era o
Almirante francês Gil Hedois du Bocage, que chegara a Lisboa em 1704, para
reorganizar a Marinha de Guerra Portuguesa.[2]
Monumento de Bocage em SetúbalTeve cinco irmãos. O pai do
poeta, José Luís Soares de Barbosa, nasceu em Setúbal, em 1728. Bacharel em
Direito pela Universidade de Coimbra, foi juiz de fora em Castanheira e
Povos,[2] cargo que exercia durante o Sismo de Lisboa de 1755, que arrasou
aquelas povoações.
Em 1765, foi nomeado ouvidor em Beja.[1] Acusado de ter
desviado a décima enquanto ouvidor, possivelmente uma armadilha para o
prejudicar, visto ser próximo de pessoas que foram vítimas de Pombal, o pai de
Bocage foi preso para o Limoeiro em 1771, nunca chegando a fazer defesa das
suas acusações. Com a morte do rei D. José I, em 1777, dá-se a
"viradeira", que valeu a liberdade ao pai do poeta, que voltou para
Setúbal, onde foi advogado.[2]
A sua mãe era segunda sobrinha da célebre poetisa francesa,
madame Anne-Marie Le Page du Bocage, tradutora do "Paraíso" de
Milton, imitadora da "Morte de Abel", de Gessner, e autora da
tragédia "As Amazonas" e do poema épico em dez cantos "A
Columbiada", que lhe mereceu a coroa de louros de Voltaire e o primeiro
prémio da academia de Rouen.
Apesar das numerosas biografias publicadas após a sua morte,
boa parte da sua vida permanece um mistério. Não se sabe que estudos fez,
embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos e as mitologias grega e
latina, que estudou francês e também latim. A identificação das mulheres que
amou é duvidosa e discutível.
Monumento de Bocage em Setúbal (estátua)A sua infância foi
infeliz. O pai foi preso , quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia
seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Possivelmente ferido por um
amor não correspondido, assentou praça como voluntário em 22 de Setembro de
1781 e permaneceu no Exército até 15 de Setembro de 1783.[1] Nessa data, foi
admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para
guarda-marinha. No final do curso desertou, mas, ainda assim, surge nomeado
guarda-marinha por D. Maria I.
Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por
Lisboa.
Em 14 de Abril de 1786, embarcou como oficial de marinha
para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que
chegou ao Rio de Janeiro em finais de Junho.[1]
Na cidade, viveu na actual Rua Teófilo Otoni, e diz o
"Dicionário de Curiosidades do Rio de Janeiro" de A. Campos - Da
Costa e Silva, pg 48, que "gostou tanto da cidade que, pretendendo
permanecer definitivamente, dedicou ao vice-rei algumas poesias-canção cheias
de bajulações, visando atingir seus objectivos. Sendo porém o vice-rei avesso a
elogios,e admoestado com algumas rimas de baixo calão, que originaram a famosa
frase: "quem tem c... tem medo, e eu também posso errar", fê-lo
prosseguir viagem para as Índias". Fez escala na Ilha de Moçambique
(início de Setembro) e chegou à Índia em 28 de Outubro de 1786. Em Pangim,
frequentou de novo estudos regulares de oficial de marinha. Foi depois colocado
em Damão, mas desertou em 1789, embarcando para Macau.
Foi preso pela inquisição, e na cadeia traduziu poetas
franceses e latinos.
A década seguinte é a da sua maior produção literária e
também o período de maior boémia e vida de aventuras.
Ainda em 1790 foi convidado e aderiu à Academia das Belas
Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. Mas passado
pouco tempo escrevia já ferozes sátiras contra os confrades.
Em 1791, foi publicada a 1.ª edição das “Rimas”.
“Já Bocage não sou!…
À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento…
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
(…)”
— Bocage
Dominava então Lisboa o Intendente da Polícia Pina Manique
que decidiu pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de
prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Ficou preso no Limoeiro até
14 de Novembro de 1797, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição,
no Rossio. Ficou até 17 de Fevereiro de 1798, tendo ido depois para o Real
Hospício das Necessidades, dirigido pelos Padres Oratorianos de São Filipe
Neri, depois de uma breve passagem pelo Convento dos Beneditinos. Durante este
longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a
trabalhar seriamente como redactor e tradutor. Só saiu em liberdade no último
dia de 1798.
De 1799 a 1801 trabalhou sobretudo com Frei José Mariano da
Conceição Veloso, um frade brasileiro, politicamente bem situado e nas boas
graças de Pina Manique, que lhe deu muitos trabalhos para traduzir.
A partir de 1801, até à morte por aneurisma, viveu em casa
por ele arrendada no Bairro Alto, naquela que é hoje o n.º 25 da travessa André
Valente.
A 15 de Setembro, data de nascimento do poeta, é feriado
municipal em Setúbal.
Retrato gravado a buril e água-forte por Joaquim Pedro de
SousaMagro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Maria_Barbosa_du_Bocage